sexta-feira, 3 de abril de 2009

COMME LES AUTRES (França 2008)


Emmanuel (Lambert Wilson) escolheu a pediatria por adorar crianças, mas agora deseja muito ter o próprio filho e está disposto a tudo para realizar o desejo da paternidade. O problema inicial é que seu parceiro, Phillipe (Pascal Elbé), não quer, assim como o seu país, a França, que não possui uma legislação sobre o assunto: a adoção de crianças por casais homossexuais. Mas Comme Les Autres (que está em cartaz com o título em inglês Baby Love) não trata apenas da homopaternidade, o filme aborda todos os problemas que envolve o não-debate diante de mudanças irreversíveis nestes tempos em que as relações sociais estão sendo constantemente repensadas e reformuladas.

A trama linear é rica nos conflitos de ordem psicossocial que se mostram inúteis diante da abnegação de Emmanuel e o direito que se permite em constituir a própria família. Após o término da relação com o parceiro e a tentativa de adoção convencional negada por uma assistente social que apenas representa o preconceito do sistema - sem discussões nem bases científicas - Manu começa uma saga para conseguir uma genitora de aluguel entre mulheres e casais de lésbicas que colocam seus anúncios na internet.

O grande valor do filme está nesse aspecto: o simples ato de ter um filho que teria por base o amor, seja na adoção ou por meio da geração socialmente aceitas, passa a ter um caráter essencialmente técnico por força da proibição. Os encontros em que Emmanuel tenta convencer alguém a ajudá-lo são dramáticos e ao mesmo tempo hilários, a negociação tem seu ápice nos diálogos com os casais de lésbicas onde relacionam de modo exaustivo as preocupações numa tentativa de amarrar o combinado ao máximo, assim como a forma de concepção, já que o bem resolvido Emmanuel não quer nem pensar em ter uma relação sexual com mulher. O amor está claro em bem direcionado no filme, estando restrito a "Manu" e seu futuro filho.

A frase "Isso é loucura" é a mais repetida por vários personagens ao longo do filme, mostrando que a única solução possível para a realização do sonho de paternidade passou por uma bem arquitetada armação, uma mentira social que uniu a vida de "Manu", sua família e o ex-namorado à imigrante argentina, Josefina (Pilar López de Ayala), que está morando na Europa com visto vencido. Depois de levantar questões de modo bem abrangente, o diretor Vincent Garenq optou por terminar o filme com um "alívio" ao público conservador, concentrando o foco na polêmica em torno da inevitabilidade da adoção (veja o trailer).


FRASES MARCANTES:

"Eu quero um filho, Phellipe".

"Minha obrigação é proteger estas crianças que já são muito traumatizadas".

"A França vai evoluir rápido em relação a isso, quem diria que um país beato como a Espanha ia permitir adoção e casamento?"

"Seu, seu... visógeno"!

"Agora você vai me dizer que é um heterossexual no armário?"

"Levamos 15 anos pra aceitar sua homossexualidade e da noite para o dia você vai se casar?"

2 comentários:

heloisa disse...

eu vou esperar pela boa vontade quelônia ahahaha

Yusseff Abrahim disse...

É... dessa vez não deu.